“Os limites podem ser comparados às paredes de um castelo de areia. Assim que uma delas cai as outras desmoronam.” Greg McKeown
Nesta semana foi divulgado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial de inflação do Governo, que fechou o ano de 2021 em 10,06%. E em se tratando de previsão, conforme você percebe no quadro abaixo, os economistas erraram feio, pois as projeções feitas no início de 2021 era de algo em torno de 4% no ano.
Mas o que é esta meta de inflação? A meta para a inflação de cada ano é estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional CMN, composto pelo Ministro da Economia e o Presidente do Banco Central do Brasil.
O regime monetário de metas para a inflação foi formalmente instituído no Brasil por meio do Decreto no 3.088 de 21 de junho de 1999. O artigo 4º deste decreto estabelece que “caso a meta não seja cumprida, o Presidente do Banco Central do Brasil divulgará publicamente as razões do descumprimento, por meio de carta aberta ao Ministro de Estado da Fazenda.”
Nesta semana então, a Presidência do Banco Central teve que fazer uma Carta Aberta, ao Ministério da Economia, para explicar os motivos do descumprimento da inflação. Sempre que a meta não é cumprida, tal carta pública precisa ser feita. Situações parecidas ocorreram nos anos de 2018, 2016, 2004, 2003 e 2002. Caso queiram ler estas cartas anteriores é só clicarem neste link.
Vamos analisar os principais destaques da carta de janeiro de 2022 do Presidente do Banco Central do Brasil Roberto de Oliveira Campos Neto ao Ministro da Economia Paulo Guedes:
Inflação
O destaque, naturalmente, foi citar o resultado da inflação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechando o ano em 10,06% como já citado. Vale lembrar que a meta estabelecida para o ano de 2021 era de 3,75% ao ano e com um limite superior de tolerância de, no máximo, 1,5 ponto percentual, ou seja, 5,25% ao ano.
Percebemos de imediato, conforme já citado no início do texto, que o resultado ficou bem fora do previsto, tanto por eles do CMN, como pela maioria dos analistas econômicos das Instituições Financeiras.
Causas para este rompimento da meta
1) A Inflação dos preços administrados fechou o ano com 16,90% de aumento
Como conceito, o Banco Central define a inflação dos preços administrados em virtude dos preços que são menos sensíveis às condições de oferta e de demanda porque são estabelecidos por contrato ou por órgão público, nas três esferas (federal, municipal e estadual). Se percebe que a inflação dos preços administrados foi bem superior à própria inflação do IPCA.
A inflação dos preços administrados deste ano só perdeu para os anos de 1999 (19,2%) e 2015 (18%).
Atualmente, da cesta do IPCA, 23 bens e serviços são classificados como preços administrados. O peso dos itens nesta administração de preços são: transporte (39,44%) sendo gasolina e ônibus urbano os principais componentes, seguido de saúde e cuidados pessoais (27,80%) com plano de saúde e produtos farmacêuticos, habitação (26,20%) com energia elétrica, água e gás, comunicação (4,55%) com telefone fixo e serviços pessoais (2%) com jogos de azar.
2) Quais produtos ou serviços mais impactaram o bolso do consumidor brasileiro?
Conforme a tabela divulgada do fechamento de 2021, os cinco produtos que mais impactaram o bolso do Consumidor, chamados vilões, foram: etanol (62,24%) de alta, gasolina (47,49%), botijão de gás (36,99%), energia elétrica residencial (21,21%) e automóvel novo ou usado (15,74%). Vale um destaque também pelo aumento dos preços de alimentos no domicílio que subiram 12%, muito em decorrência dos aumentos dos preços das commodities com problemas logísticos e os desequilíbrios entre oferta e demanda globais, e que o Banco Central chama de inflação importada que é uma combinação de variação da taxa de câmbio e dos preços de commodities – incluindo petróleo.
Aqui em nosso país os cinco principais aumentos de alimentos em 2021 foram: café (50,24%), mandioca (48,08%), açúcar refinado (47,87%), pimentão (39,16%), mamão (36,01%) e fubá de milho (32,8%).
Então, para lidar com este cenário e evitar uma queda mais forte na atividade econômica, o Banco Central (BC) terá que ajustar a meta de inflação para cima em 2022 e para alguns anos pela frente. Esta é a avaliação de Sérgio Werlang, ex-diretor de Política Econômica do BC, um dos autores do modelo de sistema de metas adotado no país em 1999. Ele sugere que o objetivo de 2022 seja de 4,5% e para os próximos anos para 4%.
A meta atual de inflação para este ano é de 3,50%, com intervalo de tolerância de 1,5 p.p. O objetivo cai para 3,25% em 2023, e 3% em 2024, com a mesma banda de acomodação de choques inesperados.
Conforme você pode perceber, a renda do trabalhador foi brutalmente afetada no período, pois se olharmos os aumentos de salários, nas mais diversas categorias de trabalhadores, não chegaremos nem perto de aumentos parecidos, ou seja, o trabalhador perdeu poder de compra com a sua renda. Chegamos à conclusão que ficou mais caro se locomover, mais caro manter a casa, mais caro comer e beber e mais caro para se vestir.
Se faz essencial cuidar melhor da sua saúde financeira.
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