"Investir não é sobre comprar coisas boas, mas comprar bem as coisas." Howard Marks
Está aí um dos grandes conflitos das escolhas humanas, quando o assunto é dinheiro: guardar agora e usufruir depois, ou consumir agora e pagar o preço depois? A economia trata essa decisão ou escolha, como trade-off, um termo que se dá a uma decisão que consiste numa escolha em detrimento de outra (CONFLITO) e que são mutuamente exclusivas, ou seja, não podem ocorrer ao mesmo tempo (exemplo: se você decidir fazer uma viagem para um lugar, estará abrindo mão de muitos outros lugares também maravilhosos.)
O ato de investir seu dinheiro, que é um bem intangível, é que ninguém irá saber ou perceber isso ou avaliar este objetivo. É somente um cuidado seu, assim como os cuidados com a saúde e a educação.
E não se trata apenas de ter ou não ter dinheiro, pois mesmo as pessoas com muito dinheiro, terão que fazer escolhas mutuamente exclusivas, ou seja, se comprarem a mais bela mansão de veraneio, em determinada cidade do mundo, ao ir para este lugar desfrutar, estará deixando de lado inúmeras oportunidades de outras mansões lindas ao redor do mundo para comprar e viver.
Mas por que acabamos nos punindo, com escolhas ruins na área financeira?
Bem-vindo ao mundo da economia comportamental e da psicologia econômica. Para quem quiser entender melhor por que erramos em algumas decisões financeiras, recomendo assistirem uma minissérie da Netflix chamada Explicando o Dinheiro e começar pelo episódio 2 Cartão de Crédito. Lá você vai se identificar com várias armadilhas em que uma grande maioria acaba se envolvendo nos cartões de crédito e depois com grandes dificuldades para solucionar. Isso em um país com uma taxa de juros anuais bem menor que a nossa.
Conforme dados divulgados da CNC, por seis meses seguidos, o endividamento das famílias brasileiras aumentou atingindo 68% do total. Ou seja, a cada dez famílias, sete estão fechando no vermelho. Por que isso acontece? Será que tudo é apenas pela questão do desemprego? Dan Ariely em seu livro Psicologia do Dinheiro traz algumas questões importantes para você refletir, ANTES de decidir por um produto ou serviço que tanto deseja, e que podem lhe auxiliar em tomar melhores decisões, mesmo que seja um belo NÃO.
Quatro perguntas essenciais para o trade-off em todas as nossas decisões financeiras e permitir que o ato de investir o seu dinheiro, também faça parte da sua avaliação:
1) Do que eu abro mão para comprar este bem ou serviço ou mesmo realizar esse meu projeto pessoal?
O dinheiro é um recurso escasso, então quando você decide pela compra de um bem está migrando o seu dinheiro para ele, para que essa escolha compense a renúncia que você irá fazer daquele dinheiro que está guardado ou no seu saldo. Agora, se a compra desse bem foi no cartão de crédito, você está migrando o seu dinheiro futuro para esta compra, que pode ser desde um simples item de consumo habitual até um bem de maior valor agregado.
Agora vale o reforço. Se você TEM o recurso para pagar à vista, mas utiliza o cartão de crédito para um benefício de milhas e pontos, e paga a fatura total no vencimento, sem problemas e continue com a sua estratégia.
O data Nubank divulgou um relatório muito bom sobre o comportamento da população nos gastos com cartões de crédito revelando os principais hábitos de consumo e onde foram canalizados os maiores gastos. O relatório comenta que os cinco principais gastos de compras presenciais foram em Supermercados (20,5%), Vestuário (14%), Gastos da Casa (12,7%), Restaurante (11,3%) e Viagem (3,5%).
Já no relatório mais recente da FEBRABAN, sobre o panorama do mercado de crédito de Abril/2021, o uso do cartão de crédito é responsável por um montante de R$ 277 bilhões de reais e o crédito pessoal em R$ 625 bilhões. Tomou um susto né? Quase R$ 1 trilhão de crédito tomado em apenas dois produtos.
Vamos deixar claro uma regra aqui: ao você precisar comprar algo no cartão ou na necessidade de fazer um crédito pessoal reflita sobre a primeira questão: Vale mesmo a pena? É realmente essencial nesse momento? Fará muita diferença se não comprar este bem ou serviço? Dica: as ofertas nunca irão acabar.
2) Se comprar ou realizar este objetivo, quais outros produtos ou serviços eu não poderei obter?
Bom, vamos lá! De repente você decidiu então comprar aquela viagem, ou um automóvel, um apartamento, ou mesmo uma smart TV de última geração. Quais outros bens e serviços então que serão anunciados mais adiante, que você agora irá renunciar, por estar plenamente satisfeito com a sua decisão? E se sair uma versão mais nova de um desses itens, qual será o seu comportamento?
Lembre da escolha. Se você optou por um determinado item, precisará resistir à todas as outras novidades que surgirão de produtos concorrentes ou similares.
3) Quais experiências futuras deixarei de usufruir, para ter esse bem ou realizar esse projeto pessoal?
Reflito muito nesta questão, quando alguém compra um bem, que irá lhe comprometer por muitos anos no orçamento (ex. um carro ou uma casa). Você trocou essa decisão atual, por qual escolha futura, que você não poderá realizar ou usufruir, pois, o seu orçamento está no limite?
Dica: vale muito a pena uma reflexão para casais que pretendem fazer uma festa de casamento "inesquecível"(que será esquecida pela maioria, ou até mesmo um motivo de críticas) ou a realização de um aniversário maravilhoso e com inúmeros convidados, para a festa de "um ano do(a) filho(a)" que nem sequer irá lembrar por qual motivo vocês gastaram tanto dinheiro se ele mal lembra. Certa vez escutei um comentário de um aluno, que criticou uma viagem que os pais dele fizeram para a Disney, quando ele tinha uns dois ou três anos de idade e que ele não lembra de nada. Ele me questionou e não tive uma resposta objetiva: Professor, será que realmente esta viagem foi para mim ou para eles?
4) Quanto eu GANHO se estiver CERTO, ou quanto eu PERCO se estiver ERRADO?
Esta última pergunta é decisiva para a sua escolha, e aproveito para comentar uma pergunta que também me foi feita em um curso sobre educação financeira. O participante me questionou: para que guardar dinheiro? e seu morrer amanhã? Procurei responder também com uma pergunta: Mas e se você viver, quem irá realizar os SEUS planos?
Bom, agora que você refletiu sobre estas quatro questões, fez a listinha de prós e contras da sua escolha atual e tomou a decisão que, na sua opinião, é a melhor das alternativas, siga em frente. No caso de uma negativa, você pode ter sido poupada(o) de um grande arrependimento futuro. Lembre: não há certezas quanto ao futuro, a ideia de pensar para escolher é só a de minimizar os riscos.
Terminamos por aqui. Entre em contato com a Fluir conheça nossos serviços e tenha uma consultoria customizada ao seu estilo de ser quanto às finanças pessoais ou empresariais. A primeira consultoria diagnóstica é gratuita.
Vamos agora ao resumo semanal do mercado financeiro
RESUMO SEMANAL DO MERCADO FINANCEIRO
BOLSA DE VALORES
Em dia instável, o índice Ibovespa começou o dia em queda nesta sexta (18). Ao final do dia, alta de 0,27% a 128.405,35 pontos. No acumulado da semana o índice também fecha negativo em 0,8% e do mês de junho, indicador acumula uma alta de 1,73%. O volume financeiro do dia totalizou R$ 49,51 bilhões.
No ano de 2021 o Ibovespa apresenta uma rentabilidade de 7,89% e nos últimos 12 meses o Ibovespa apresenta uma variação positiva de 32,96%.
INFLAÇÃO
No radar macroeconômico, continua a fazer preço, especialmente no exterior, a repercussão das sinalizações mais hawkish (favoráveis a um aperto monetário para conter a inflação) dos bancos centrais tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
OURO
Nesta semana, devido os comentários econômicos, que intensificaram a busca pelo dólar, encareceu e impôs pressão a commodities. A cotação do grama do Ouro fechou em recuperação nesta sexta (18) com alta de 1,21% cotado a R$ 288,89, porém na semana a queda foi acentuada em 6,42%. No mês de junho a rentabilidade também está negativa em 9,65%.
Neste ano de 2021 o Ouro está apresenta uma queda de 8,88% e, nos últimos 12 meses, a cotação do ouro apresenta uma variação negativa de 3,01% no período, quando o grama estava cotado em R$ 297,86.
PRODUÇÃO INDUSTRIAL
Conforme dados divulgados pelo Instituto do Aço Brasil (IABr), a produção nacional de aço bruto cresceu 20,3% no acumulado de janeiro a maio, em comparação ao mesmo período do ano passado, totalizando 14,9 milhões de toneladas, a maior produção da série histórica. A produção de laminados nos cinco primeiros meses do ano cresceu 29,7%, em relação ao resultado registrado em igual período de 2020, com 11,1 milhões de toneladas.
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