"Risco é aquilo que sobra quando você acha que pensou em tudo." Carl Richards
Na semana passada nos deparamos com uma notícia que surpreendeu o mercado, pois o IPCA (índice oficial de inflação do Governo) passou de 1% ao mês, resultado esse que não acontecia desde 2015, e no acumulado dos últimos 12 meses a inflação está em 10,54%. E, infelizmente, as más notícias quanto à inflação não param por aí. O Boletim Focus desta semana projeta uma alta da inflação para 6,45% no ano de 2022 e uma taxa SELIC em 12,75% ao ano.
O ponto fundamental desta notícia é você proteger da melhor forma possível o seu orçamento, para evitar depender de empréstimos bancários, e os seus investimentos, para que a rentabilidade não perca para a inflação.
Também, com a mesma sensatez, não se pode pegar o dinheiro e investir em qualquer coisa que aparecer, sem levar em conta o fator risco, e também não dá para deixar todo o dinheiro na poupança para receber os definidos 6% ao ano. A palavra chave é diversificar.
Você precisa pesquisar boas oportunidades que os Bancos estão oferecendo, de forma segura e dentro do seu perfil de investidor. Como fazer? Vamos lá:
Vamos deixar claro uma coisa: não há investimento sem risco. Mesmo a tradicional Caderneta de Poupança, o investimento mais conhecido da população brasileira, está sujeito ao risco do Banco onde você tem o dinheiro depositado vir a quebrar. Conforme o Fundo Garantidor de Crédito, o limite garantido para a poupança é até o valor de R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil) contra a mesma Instituição Financeira.
Então, ao investir o seu dinheiro, a diversificação é importante para não concentrar seus investimentos em um único produto ou mesmo em um único Banco.
1º Risco: CRÉDITO
Vamos supor que você invista em um CDB do Banco XYZ, pois a taxa oferecida pelo Banco está atrativa, mas, ao longo do prazo da aplicação o Banco XYZ quebrou. Se o valor que você investiu estava abaixo de R$ 250 mil do FGC, pode demorar um pouco pela questão burocrática, mas você irá receber o seu investimento. Porém, se o valor investido era bem maior que a garantia, você só receberá o valor da garantia.
Este risco então está ligado à falta de capacidade do devedor, neste caso o Banco, em honrar a sua obrigação com você.
Tem muitos Bancos de menor porte oferecendo taxas atrativas no CDB, mas faça a sua lição de casa em antes pesquisar um pouco sobre o Banco.
2º Risco: LIQUIDEZ
Agora, quando falamos em liquidez, ela se refere a você saber o quão rápido este ativo pode virar dinheiro em sua conta e se você receberá o que estava planejado. Como exemplo, vamos imaginar que você tenha um ativo (um carro) e que você tenha a necessidade de fazer dinheiro em, no máximo, um dia. Provavelmente alguém poderá até comprar o seu veículo num prazo tão rápido, mas se você terá que depreciar o valor do bem, para poder vender rápido. Você acabou de enfrentar o risco de liquidez.
Quando você investe em uma renda fixa, com um prazo determinado, o seu título está sujeito às oscilações do mercado e, caso você tenha que quebrar o contrato para receber um dinheiro de forma imediata, provavelmente o seu título será depreciado e você receberá um valor menor do que o ideal.
Então, quando for investir em títulos de prazos maiores, verifique o seu caixa, e quanto da sua carteira está com liquidez diária, pois, se der uma emergência, é dela que você conseguirá sacar.
3º Risco: MERCADO
Para finalizar, este tipo de risco está mais presente no mercado de renda variável, porém pode aparecer também nos títulos de renda fixa. Alguns exemplos de riscos de mercado são: mudança na taxa de juros da economia (em nosso caso a SELIC), no valor do Câmbio, da Taxa de Inflação, etc.
Como exemplo: vamos supor que você em uma determinada data investiu em um CDB a 8% ao ano, porém a inflação estava em 4% ao ano. Você fez uma conta rápida e viu uma possibilidade de ganhar 4 pontos percentuais de ganho real no investimento. Aí você investiu por dois anos. Porém, nesse período de dois anos a inflação subiu para a casa dos 12%.
Você ficará sem receber o título do Banco no seu vencimento? De forma nenhuma, pois não estamos falando de um risco de crédito. Por que então a pessoa sofreu um risco de mercado? É que agora a inflação consumiu o ganho real do investimento.
Fontes: ANBIMA; FGC; Infomoney; Itaú Investimentos, Suno Research;
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