“O consumo é a única finalidade e o único propósito de toda produção.” Adam Smith
Nesta semana o Banco Central do Brasil publicou um relatório sobre os efeitos na redução de gastos das famílias, acompanhadas das vendas através dos cartões de crédito, débito e boletos. Primeiro vamos explicar os conceitos dos efeitos circunstanciais e precaucionais no comportamento do consumo.
Em cenários de crise econômica há um efeito direto e indireto decorrente da crise. Vamos dar um exemplo, para explicar os dois conceitos: Imaginem um cenário em que numa empresa com 20 colaboradores, 10 tenham sido mandados embora devido uma crise que a empresa está passado.
EFEITO CIRCUNSTANCIAL (EC) E EFEITO PRECAUCIONAL (EP)
O Efeito Circunstancial (EC) é uma consequência direta das restrições que a pessoa demitida terá que fazer em casa como, por exemplo, reduzir suas despesas de forma rápida para adequar-se à sua atual situação. Neste momento se cortam atividades de lazer, estética, refeições fora de casa, cursos, consumo de roupas e outros bens não essenciais. Então, seguindo o exemplo citado, vamos entender que as 10 pessoas demitidas irão tomar essas medidas em seus orçamentos.
Já o Efeito Precaucional (EP) é diferente, mas com consequências parecidas. As 10 pessoas que continuam empregadas, porém após verem tudo o que aconteceu na empresa, irão chegar em seus lares e, mesmo empregados, tomarão medidas preventivas para reduzir gastos em seus orçamentos. O Efeito Precaucional tem, como característica, uma certa manutenção na sua atividade econômica (emprego e renda futura), porém terá uma diminuição nos gastos só que de uma forma um pouco mais lenta que a situação dos que foram demitidos. Exemplo neste caso: se uma pessoa frequentava toda semana um salão de beleza, irá reduzir para duas vezes por mês ou apenas uma.
Conforme dados da ABECS – Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito, em 2020 o volume de vendas nos cartões de crédito ficou em R$ 835,8 bilhões número este somente superior ao ano de 2016 (veja o quadro abaixo) e que representou uma queda percentual de 27,62% comparado ao ano de 2019. Somente como informação complementar, logo no início da pandemia (março de 2020) as vendas nos cartões de crédito tiveram uma redução de R$ 22 bilhões em um único mês.
Puxa, mas aí fica a questão. Será que as pessoas não resolveram então pagar à vista, no cartão de débito? Conforme o quadro abaixo, se observa o mesmo impacto no volume de vendas 2020, com uma queda de 21,78% se comparado ao ano de 2019. (veja o quadro abaixo). O resultado econômico só não foi pior, pois quase 30% das vendas no cartão de crédito são do varejo alimentício.
E QUAL A RELAÇÃO DISSO COM OS PEQUENOS E MÉDIOS NEGÓCIOS?
O Banco Central, de posse das informações da coleta de dados de cartões de crédito, débito e boletos, e aplicando os seus modelos econométricos, identificou que o faturamento das empresas caiu em torno de mais de 50% na comparação interanual, o que poderia chamar a atenção para um efetivo fechamento de empresas, porém isso não foi identificado, o que pode ser um sinal positivo de reestabelecimento do comércio e serviço para o médio prazo. Conforme o gráfico abaixo, apesar de um mês de abril assustador, já se percebeu uma recuperação em vendas no cartão de débito nos setores de Cabeleireiros e outros, e Atividades Esportivas.
Ainda há muitas incertezas, porém as empresas que conseguiram resistir a tão duro choque econômico, verão um cenário positivo para os próximos meses.
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Uma ótima semana para todos e vamos ao resumo do mercado financeiro na semana.
RESUMO SEMANAL DO MERCADO FINANCEIRO
BOLSA DE VALORES
A Bolsa fecha o mês de janeiro com o sétimo dia de perdas nos últimos oito pregões. Esses resultados foram influenciados pela ameaça de greve dos caminhoneiros na próxima segunda-feira (01) e a decepção no exterior com a eficácia da vacina da Johnson & Johnson contra o coronavírus, que ficou em 66%. O pregão desta última sexta (29) fechou em 115.067,55 pontos, com uma queda expressiva de 3,21%. O volume financeiro da sexta totalizou R$ 29,9 bilhões.
Neste ano de 2021 o Ibovespa fecha o mês de janeiro com uma rentabilidade negativa de 3,32% e nos últimos 12 meses a variação está também negativa em 0,4%.
DI
No movimento da semana observado nas taxas futuras de juros, o mercado vem apostando em alta da Selic já na próxima reunião. Para Jan/2022 o DI fechou em 3,34%; para Jan/2023 4,93%; para Jan/2024 a taxa ficou em 6,06%; para Jan/2025 6,47%; para Jan/2026 ficou para 7,01%; para Jan/2027 7,15% e Jan/2028 fechou em 7,57%.
DÓLAR
O dólar à vista fechou nesta última sexta-feira do mês (29) cotado a R$ 5,4622 para venda, com uma alta de 0,4%. No ano de 2021 o dólar fecha com uma alta de 5,26%. Nos últimos 12 meses o dólar apresenta uma alta de 27,55%.
EMPREGO
Conforme dados divulgados pelo CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), em 2020 o mercado de trabalho formal brasileiro conseguiu superar a crise causada pela pandemia de Covid-19 e abriu 142.690 vagas de emprego com carteira assinada em 2020.
No ano de 2020 ocorreram 15.023.531 desligamentos, porém tivemos 15.166.221 admissões. É o pior saldo desde 2017, quando o saldo foi negativo em 20 mil vagas.
ETFs
BOVA11:
A cotação do BOVA11 (60 principais ações da B3) sofreu uma queda de 3,45% na última sexta do mês de janeiro. No mês de janeiro a variação do BOVA11 também fechou negativa em 3,57%.
Nos últimos 12 meses, tendo como parâmetro, a cotação em 29 de janeiro de 2020 a valorização está negativa em 0,57% no período.
IVVB11:
A cotação do IVVB11 (500 maiores empresas americanas do índice S&P) sofreu uma queda de 1,57% na última sexta do mês de janeiro. No mês de janeiro a variação do IVVB11 foi de uma alta de 4,74%.
Nos últimos 12 meses, tendo como parâmetro, a cotação em 29 de janeiro de 2020 a valorização está positiva em 46,77% no período.
FUNDOS IMOBILIÁRIOS
IFIX: o índice de referência dos Fundos de Investimentos Imobiliários, O IFIX apresentou uma ligeira alta nesta última sexta (29), com uma valorização de 0,25%, fechando o dia aos 2.879,45 pontos. O mês de janeiro o IFIX fecha com uma alta de 0,32%, porém, nos últimos 12 meses, a rentabilidade está negativa em 6,39%.
INFLAÇÃO
A inflação mostrou sua cara em 2020 e não foi nada boa. Em outubro do ano passado, demos detalhes desta previsão de inflação neste link. O IGP-M, índice utilizado principalmente para a correção de aluguéis, fechou o último ano com uma alta acumulada superior a 23,14% por cento. Esta foi a maior variação anual do indicador desde 2002.
OURO
A cotação do grama do Ouro com uma alta nesta última sexta do mês de janeiro em 0,68% cotado a R$ 324,57. No mês de janeiro de 2021 o Ouro fecha com uma alta de 2,63%. Nos últimos 12 meses a cotação do Ouro apresentou uma valorização de 51,27% no período, quando o grama estava cotado em R$ 214,56.
POLÍTICA FISCAL
A Dívida Pública Federal subiu 4,63% de novembro para dezembro somando R$ 5,010 trilhões. Resultado ficou acima da meta estabelecida no Plano Anual de Financiamento, que era de R$ 4,9 milhões. Desse total, R$ 243,45 bilhões correspondem à dívida federal externa, uma alta de 3,79%.
PRATA
A cotação do grama da Prata teve um dia muito positivo nesta última sexta, com uma variação positiva de 2,43%. No mês de janeiro a cotação da Prata encerra janeiro com uma alta de 6,76%.
Nos últimos 12 meses, tendo como parâmetro, a cotação em 29 de janeiro de 2020 onde o grama estava cotado em R$ 2,3898 o que representa uma valorização de 98,73% no período.
Fontes: ABECS; ANBIMA; ANFAVEA; Banco Central do Brasil; Bullion-Rates; Capital Research; Capitalizo; CNN Business; CORECON; Dica de Hoje; Endeavor; Nord Research; Sebrae; Suno Research; XP Inc.
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