"Não considere nenhuma prática como imutável. Mude e esteja pronto a mudar novamente." B. F. Skinner
Você já se deparou com a situação, em que uma determinada escolha para a sua vida é melhor, porém, por uma atitude ilógica, inexplicável ou até mesmo irracional, você acaba optando por uma pela pior opção?
Trago dois exemplos: Você sabia que há mais de R$ 1 trilhão investidos em caderneta de poupança, mesmo a maioria sabendo que esse é um dos investimentos com menor rentabilidade no país? Você sabia que, mesmo uma das taxas de crédito mais altas do mundo, a indústria de cartões de crédito, conforme relatório da Febraban, tem um volume utilizado, no mês de junho, no total de R$ 301,6 bilhões? Podemos dar o nome a isso de viés comportamental.
O que é um viés comportamental?
Conforme até percebemos nestes exemplos citados, o viés comportamental tem uma predisposição a nos levar a fazer escolhas irracionais. Em finanças comportamentais, Daniel Kahneman e Amos Tversky foram os pioneiros em publicar os primeiros estudos sobre os vieses de nossas decisões financeiras. Ou seja, mesmo sabendo que uma proposta é melhor, muitas vezes tomamos decisões que são inversamente proporcionais ao que havíamos desejado, e isso pode nos levar a resultados ruins e, por consequência, afetar a nossa saúde física e emocional.
O Apóstolo Paulo, na Bíblia, também nos alerta sobre o viés comportamental no trecho de Romanos 17:20, onde ele escreve que o bem que desejamos fazer acabamos não fazendo, e o mal que não queremos, isso acabamos fazendo.
O site da C.V.M. Comissão de Valores Mobiliários traz uma série de três volumes sobre o viés comportamental (Investidor, Poupador e Consumidor) e trazemos neste blog algumas dicas sobre como perceber se você se identifica com alguns desses vieses.
1) DESAPEGUE DO STATUS QUO
Você já comprou algo apenas para mostrar aos outros, por um momento emocional e, logo depois de um tempo, se arrependeu com a decisão tomada? O Viés do Status Quo consiste na preferência de uma pessoa por manter o estado atual, mesmo ciente que uma mudança possa representar a escolha mais proveitosa, e melhorar o seu bem-estar.
Estamos com quase 70% das famílias brasileiras endividadas e, se pudéssemos identificar quantitativamente, o total de pessoas dentro dessa amostra que acabaram se endividando, por situações que eram fáceis de dizer não lá no início da decisão, acredito que teríamos um número alarmante. Não é apenas uma questão de crise financeira pelo desemprego, pois, há muitos que estão assim, mesmo com emprego e renda.
O viés do Status Quo está relacionado com o temor ou mesmo insegurança pelo desconhecido e com uma grande aversão à perda, levando as pessoas a se apegarem ao que já conhecem ou a preferirem deixar de ganhar por medo de se arriscar a perder. Esta aversão explica, em parte, o fato de muitas pessoas irem ao caminho tradicional dos investimentos, isso se porventura acontecer.
Em nossa consultoria é nítido perceber quantas pessoas desistem facilmente de atingir, de forma plena, a sua liberdade financeira. Os estímulos iniciais são interessantes, a pessoa tenta se mover em direção à mudança comportamental, mas logo o cotidiano da vida a arrasta novamente para o caminho habitual do viés.
O que fazer nesses casos?
Procure apoio, porque o que não falta é informação no mercado financeiro. Conheça o seu perfil de investidor, que o seu próprio Banco oferece para preencher de forma online, e defina objetivos, primeiro pequenos e depois mais desafiadores, para que você tenha prazer em cada conquista. Também quanto ao horizonte de tempo, comece com investimentos em que se tenha liquidez diária, para você ganhar mais autoconfiança, e depois vá ampliando o leque de ativos com prazos maiores, para com isso obter ganhos mais atrativos.
2) ENTENDA QUE O ATO DE SE PLANEJAR SÓ TE AJUDA
Você já tentou elaborar uma planilha financeira, seja pelo excel ou um app, e logo desistiu? Chegamos agora ao que a Economia Comportamental chama de A Falácia do planejamento. É um comportamento consciente, ou mesmo inconsciente, de subestimar o tempo, o esforço que você precisa empenhar nos seus objetivos e acabar vendo mais obstáculos do que resultados no ato de se planejar.
Nas consultorias que fazemos, é possível perceber que algumas pessoas já criam barreiras de imediato, em simplesmente elaborar uma planilha financeira, seja para o seu negócio próprio, ou para seu uso pessoal. E, em alguns outros casos, quando a pessoa se compromete a fazer, acaba nem marcando uma nova consultoria, pois percebe que não fez a lição de casa.
O que fazer nesses casos?
Comece a fazer uma planilha financeira, mesmo que apenas da próxima semana, só para você compreender a sua importância. Depois passe para um mês, três meses, seis e depois um ano. Assim que a estrutura do "chassi do motor" está pronta, é muito mais fácil só corrigir e atualizar as informações. Lembre que é importante sempre comparar o previsto com o realizado.
3) A ALEGRIA EXAGERADA PODE CEGAR A LUCIDEZ
Se é uma coisa que aprendi no mercado financeiro, nestes anos de experiência, é que precisamos manter a racionalidade tanto nos períodos em que tudo está dando certo, como nos momentos complicados do mercado, como foi o ano da pandemia. A terceira dica de cuidado é o que chamamos de O Viés do Otimismo, o qual se refere à uma tendência a superestimar a alguns eventos de forma muito positiva e subestimar o risco. O Viés do Otimismo nos faz enxergar o futuro de forma muito positiva e que tudo dará certo e, com esse pensamento, se abandona um estudo mais aprofundado sobre a decisão a tomar. Sites de apostas, cassinos, pirâmides, jogos de azar, loterias etc. sabem bem deste viés do comportamento humano.
Nas consultorias da Fluir também percebemos este comportamento em alguns casos, e que se estende nas mais diversas áreas do conhecimento. Assim que as pessoas começam a ter algum resultado positivo com a consultoria, acreditam que já possuem o domínio do assunto, que são autossuficientes e deixam de dar continuidade aos atendimentos.
O que fazer nesses casos?
Se você se dedica com muito empenho a um objetivo, é natural colher resultados positivos dele, porém, ao conseguir os primeiros resultados, isso não quer dizer que você não precisa mais estudar, se dedicar e se aperfeiçoar para fazer isso de forma cada vez mais eficaz. Estudo e conhecimento fazem parte de uma espiral evolutiva.
Uma dica final: conte com um apoio de um profissional. Se você percebe que já tentou várias vezes começar a investir e deu errado, pense na possibilidade de ter uma consultoria para você começar, e ter uma boa continuidade nas suas finanças. Só irá te fazer bem.
Vamos agora ao resumo do mercado financeiro da semana
RESUMO SEMANAL DO MERCADO FINANCEIRO
ATIVIDADE ECONÔMICA
Conforme dados divulgados pelo Banco Central o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) apresentou aumento de 1,14% em junho de 2021 em relação ao mês anterior atividade econômica brasileira registrou alta em junho deste ano.
O índice é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica brasileira e ajuda o BC a tomar decisões sobre a taxa básica de juros. O índice incorpora informações sobre o nível de atividade dos três setores da economia, a indústria, o comércio e os serviços e agropecuária, além do volume de impostos.
Em junho, o IBC-Br atingiu 140,58 pontos. Na comparação com junho de 2020, houve crescimento de 9,07%. No acumulado em 12 meses, o indicador também ficou positivo, em 2,33%.
BOLSA DE VALORES
Na Bolsa de Valores, o Ibovespa encerrou o dia com alta de 0,41%, a 121.193,75 pontos. O volume negociado ficou em R$ 30,862 bilhões.
O Ibovespa fecha a semana negativa em 1,32%. A semana foi tensa no ambiente econômico interno, pois o risco fiscal voltou com força, devido a proposta de reformulação do Bolsa Família e a apresentação da PEC dos precatórios. Há o temor do mercado que o país novamente tenha um rombo nos gastos públicos. O ano de 2021 traz um ganho para o Ibovespa em 1,83% e, durante os últimos 12 meses, a rentabilidade está em 19,58%.
DI
No mercado de juros futuros, o DI teve o movimento da semana observado da seguinte forma: DI para jan/22 subiu para 6,61% a.a., o DI para jan/23 teve um avanço para 8,37%a.a., o DI para jan/24 para 7,728%a.a., o DI para jan/25 fechou estável à uma taxa de 9,42%a.a. e o DI para janeiro de 2027 registrou variação positiva a 9,83%.
DÓLAR
O dólar encerrou nesta sexta-feira (13) em queda de 0,21%, cotado a R$ 5,245. Nesta semana, o dólar fecha com uma variação positiva de 0,17%.
Neste ano o dólar apresenta uma variação de 1,08% e, nos últimos 12 meses a variação negativa de 3,78%.
FUNDOS IMOBILIÁRIOS
IFIX: o índice de referência dos Fundos de Investimentos Imobiliários, fechou a sexta (13) com alta de 0,69%, com 2.741,11 pontos.
Na semana a rentabilidade fechou negativa em 1,35%. No mês está em
-2,94%.
No ano de 2021 a rentabilidade do índice está negativa em 4,5% e nos últimos 12 meses o índice demonstra uma leve queda em 0,53%.
OURO
O contrato mais líquido do Ouro fechou em alta nesta sexta-feira (13), em R$ 300,15 com variações negativas de 1,34% no dia e 1,12% na semana.
No mês de agosto o Ouro fecha com uma desvalorização de 1,22%.
Neste ano de 2021 o Ouro ainda está em queda de 5,33% e, nos últimos 12 meses, a cotação do ouro apresenta uma variação negativa de 11,01% no período, quando o grama estava cotado em R$ 337,28.
Fontes: ANBIMA; Banco Central; Bullion-Rates; Capitalizo; CNN Business; CORECON; Dica de Hoje; Endeavor; EQI; Forbes; Infomoney; Itaú Corretora, Nord Research; Sebrae; Suno Research; Tesouro Direto, XP Inc.
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